domingo, 22 de abril de 2012

Nenhum registro

 É estranho, mas hoje em dia tudo nos remete um link, arquivo, foto no Facebook. Tudo registrado de alguma forma, mesmo que seja no histórico das conversas no g-talk ou MSN.

De forma que quando queremos nos certificar de que não foi apenas um sonho, é só empreendermos alguns minutos de busca pela rede e lá está: a prova irrefutável de qualquer coisa que seja.
Relações reais permeadas por esses diálogos virtuais públicos ou não. 

É como se tudo estivesse grampeado.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Românticos anônimos. Demorei umas cinco madrugadas para conseguir vencer o sono e assistir o filme. Uma mulher, com uma timidez infantil, de menina virgem, encontra em seu chefe problemático a  resposta para suas procuras amorosas. Ele é o dono de uma fábrica de chocolates em falência, com cinco funcionários que representam aquela fofoca barata e descompromissada dos ambientes de trabalho. Ela, uma mestre da arte dos bombons, mas com o sucesso travado pela sua própria incapacidade de convivência. 

Um amor todo atrapalhado se desenvolve em uma França que se mostra anacrônica, com seus tons pálidos e tradições artesanais que pouco tem a ver com o mundo da alta tecnologia e produtividade. 

Ele tenta recuperar o tempo perdido nas sessões de terapia, único lugar onde tem certeza que seus segredos não caíram para o mundo. Ela é obrigada a contrapor sua mudez e enclausuramento com o modo despudorado  da mãe. Um dia , chega a encontrá-la seminua, fazendo sexo com um desconhecido na mesa de jantar da filha. 

Tudo é caricatural e parece realizar-se em um universo paralelo. Como se os dois tivesse ficado para trás na correria das relações superficiais. 


Quando finalmente o casal finalmente vai às vias de fato, ela dispara com declarações e sonhos que até aquele momento estavam profundamente escondidas, que não passavam de devaneios e ilusões. Ele sai correndo, assustado com o aspecto sério que aquela paixão anônima o havia levado. 

No fim, eles acabam juntos, num casamento que de certa forma estraga a coerência do amor platônico, fio condutor de toda a narrativa. 

Me identifiquei de leve, querendo me distanciar, mas reconhecendo na história cômica e exagerada alguns aspectos de minha própria história. Foi mais de uma vez em que, completamente afogada em bebida, me expus mais do que deveria em situações que exigiam uma sutileza que eu só conheço sóbria.