sábado, 13 de dezembro de 2014

queria te amar desse jeito fácil
desse jeito amar e pronto
queria poder falar
(as palavras escapadas)
um "acho que eu te amo"

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

enfermidad

aun me suele soñar contigo. tu y tu novia-- finalmente escucho de tu boca la palabra que fue prohibida entre nosotros. todos los días me los paso intentando olvidarte. cuando los días son buenos, logro hacerlo y tu imagen me pasa como una sombra  distante. pero a la
noche, cuando estoy nuevamente frágil, sola en mi cama, mal cubierta por la nórdica. cuando finalmente me permito cerrar los ojos y descansar, tu aparece. tu, tu novia, y la dolor que vosotros, juntos,  me hacéis sentir. mi cuerpo empieza a doler, y la habitación ya no es mi casa. entonces me despierto desubicada, me levanto de la cama y camino hasta el baño, donde enciendo la luz y me acuerdo que estoy lejos, muy lejos de ti. que tu no es ahora más que un acuerdo, un pedacito de pasado.

y entonces vuelvo a me acostar, porque aunque sea cuasi las ocho, la luz flaquita que adentra pela ventana no me convence que ya es el día. y me vuelve a aparecer la
imagen de su novia, rubia y con las mejillas rosas como una muñeca. y ella esta ahora embarazada y usted, que no quería ser novio, ahora es novio, padre y se quedará marido. pero ahora ya no me importa más. ahora es día, y me despierto para poner la ropa en la lavadora, hacer el café y, nuevamente, olvidarme de ti.

domingo, 30 de novembro de 2014

A él le gustavan las mujeres
Mirava las fotos con sus ojos semimareados y su cuerpo cuasi estremecido
Le gustaria agarrarlas y, aun no fuese el chico más guapo, o más fuerte
Tenia un fuego

Y a ese fuego me gustava

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Você, minha obsessão

Você é minha obsessão
Um vício cerebral
Lobotearia-me
Se assim fosse possível esquecer-te

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A menina devia ter uns dez anos e passava fio dental, olhando cada detalhe no espelho. Depois, pegou um pente e começou a pentear a franja lisa com força, deixando transparecer uma certa raiva, como se tivesse que vencer um embaraçado cabuloso. Mas o pente atravessava os fios sem dificuldade. A verdade era que seus cabelos já estavam impecavelmente penteados, assim como seus dentes, limpos.

Eu entrei no banheiro acreditando que lá encontraria uma solução para o cheiro do cigarro que havia acabado de fumar. Era uma dessas festas de casamento bregas e chiques, com caixinhas de cosméticos para as convidadas. Além do fio dental, tinha também um enxaguante bocal e um desodorante. Confesso que as moças que retocavam a maquiagem estranharam um pouco meu bochecho no meio da festa, mas nem liguei. Estava com meus pais. Eles não sabiam que eu fumava, nem era o momento para contar. Depois saí do banheiro.

A menina atravessou minha visão mais algumas vezes durante a festa. De vestidinho de bolinhas, cabelo chanelzinho, sapatinho boneca. A maioria das vezes, vagava sozinha. Só uma vez, uma mulher se dispôs a dançar com ela na pista, e pude ver sua alegria ao mexer os pés de um lado para o outro ao som de clássicos dos anos 50. Em todos os outros momentos, estava sozinha, meio perdida, meio emburrada. Sem entender o mundo dos adultos, mas também um pouco deslocada do mundo das crianças. Repare: ela queria ser criança, e o sorriso estampado quando a mulher começou a girá-la pela pista é a prova disso. Mas ela era marcada, mais marcada que as outras crianças. Por isso, a solidão.


Com a exceção dos cabelos lisos - e um vestido um pouco mais na moda - a figura vagante da menina, deslocada, e procurando no banheiro um refúgio para sua solidão, me lembrou a mim mesmo quando criança.

 Quando eu comprava chocolates com moedas catadas ou trocados que ganhava dos pais, e os comia não com um prazer de criança, mas com uma angústia adulta, com o mesmo fervor que minha mãe engolia seus antidepressivos, estimulantes, calmantes e afins, e meu pai tomava seu uísque de segunda linha contrabandeado. 

Lembro que  minha mãe me levava ao médico - eu fingia dores de cabeças diárias, para receber um pouco de atenção - e o médico escutava os barulhos da minha barriga e dizia que eu devia estar comendo rápido demais.No fim, tive que ficar um mês sem comer açúcar.

Aquele ambiente de caos, as brigas violentas, quase diárias, o descontrole, gritos e tapas,
É. Como um casamento que termina já sem paixão. Sem dor, sem desenlace. Sem briga ou emoção. Acaba, e pronto.

Não sei o que ficou na entrelinha. Achei melhor não pensar mais. Estava ficando paranóica. Pensando nas mil traições e na gravidade final de suas palavras. Em seu nervosismo -que, afinal, nada tinha a ver comigo. Era só mais uma peça derrubada daquele tabuleiro de um jogo qualquer.

Tinha medo. Da saudade e da distância. Do amor que podia ser e não foi. Do meu fracasso.
Separados por 24,5 km; separados por uma ponte. Era a distância de talvez meia cidade, e que de repente parecia pequena, ali, naquele sofá apertado, numa noite de domingo de inverno.

De tarde, andamos pela beira da represa, e eu me deixava surpreender com a vaca prenha e mansa que aparecia no caminho. Tirei fotos do bezerro e dos cavalos. Depois, os moleques empinando o pipa, a pipa, uma infestação no meio do gramado. E aí, por fim, uma estradinha de terra que parecia desembocar na paisagem de periferia, das casinhas empilhadas do jardim Apurá.

O dia passava, e a gente se entendia de algum jeito, ouvindo o som do arraiá popular, se abraçando nas músicas bregas, numa mistura entre romantismo e sarcasmo. 

Enfim, pela noite, sem conseguir nos separar, acabávamos de novo ali no longe, as casinhas já em silêncio, nós mesmos meio calados.

E então, amanhecia mais uma vez e a luz branca do mormaço entrava pela janela. De manhã, era mais fácil enxergar a favela ao lado. E voltava a atravessar a cidade, o caminho invertido, solitário.
ele falava de sua própria morte com uma racionalidade assustadora. sentava-se sempre no mesmo canto do sofá, onde alcançava a luz, os controles da TV e ainda podia olhar o relógio da cozinha. Ficava lá, e era a primeira coisa que eu via quando chegava em casa.

raramente falava ou ouvia, como que inerte pelas luzes subsequentes da TV.
não sei se era um ser amortizado, se ignorava seus pensamentos por completo ou se estava ativo, pensando na doença

era como se a doença lhe sugasse todas as energias. esses dias, segurei sua mão, antes tão quente. agora entre fria e morna, sem forças

O dia tinha sido ruim. A cabeça girava e na boca o gosto amargo da frustração. Nem mesmo seu fiel colega - mais que amigo, quase um irmão - podia lhe consolar o fracasso. Nos últimos dias, um quê de irritação tinha lhe invadido as conversas, as frases, os trejeitos. Já não era mais a mesma coisa. É como se o mundo tivesse voltado a lhe atingir de sopetão, ignorando os muitos filtros que tinha para si nesses anos de durezas.

Bebeu dois copos da cerveja e teria ficado ali até amanhã. Aqueles sorrisos falsos, aquela menina estupidamente determinada e que era quase um quadro deformado de si mesmo. 
Tinha inveja (boa, ruim?) da moça do carrinho.

Explico: na rotina atribulada da redação, do chicote do tempo e da competição estralando no lombo daqueles jornalistas, um carrinho passava de tempos em tempos com comida 'pré-fabricada', sem gosto demais ou de menos, mas suficiente para repor uma energia necessária.

Sempre empurrados por mulheres, esses carrinhos circulavam por toda a redação. Às vezes elas eram mais simpáticas, às vezes menos. De todo modo, nunca tinha muito tempo ou disposição de me lançar a qualquer conversa mais longa ou frutífera.

Só sorria, fazia um comentário de tiozão e passava no débito, enquanto bebia mais um café, comia um sanduíche sem sal ou um bolo sem açúcar.

(não é sempre, mas às vezes tenho uns arroubos de don juan, em que me sinto mais macho que muito homem desses dias de hoje. sim, acredito que as mulheres tenham uma beleza secreta. acho que eu mesma a tenho, mas ainda não encontrei)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

sonhei com você essa noite

foi um sonho triste, você tinha casado, e eu lhe dizia coisas como: vamos conhecer o mundo, vamos estudar fora, mas você estava preocupada com o aluguel e em pagar todas as contas, e fazer a janta pro marido. vc morava numa casa de um estilo modernista, bem bonita, que vc mesmo havia projetado.

aí uma hora, você desesperadamente me agarrava e pulava de um penhasco alto, que caia fundo no mar. caíamos as duas, sem saber se sobreviveríamos quando encostássemos na água escura e gelada... era um misto de suicídio com libertação.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

-- "A vida sexual do homem bonito". É o meu recém lançado best-seller, arrebatador, eu diria. Trata-se de uma descrição detalhada da rotina de alguns personagens fictícios, porém com fortes inspirações em cidadãos reais, claro. O que é a literatura se não acrescentar sabor a esta que costumamos chamar de vida?

-- Sim, é um contraponto ao também muito vendido  "A Vida sexual da mulher feia". Claro. A ideia não é focar apenas na vida sexual, claro.

 -- O protagonista é um homem de pouco menos de 30 anos. Ele tem o mundo a seus pés, sabe? Divide um apartamento com alguns amigos, mas tem seu próprio quarto, num bairro mais ou menos bem localizado. E lá.... ele leva suas garotas. Sabe, acho que os outros tem curiosidade sobre a vida de quem tem tudo. Ele não é rico, é um cidadão de classe média alta. Meses com mais dinheiro, meses com menos. Mas ele não é tão ligado em dinheiro sabe? O foco não é um desses boys da cidade que conquistam as meninas nos camarotes regados a uísque. Não, o nosso protagonista seduz com a palavra, com suas mãos grandes, seu cheiro de perfume masculino.

-- Se ele se dá mal? Eventualmente... sim, o livro tem alguns maus momentos. Mas... nem se compara com os problemas de uma mulher feia. Nem mesmo com os de uma mulher bonita. Há uma passagem engraçada. O homem bonito... bom, se apaixona. Uma mulher, pouco mais velha, do seu trabalho. Ele a vê, e simplesmente se apaixona. Pelos seus cabelos longos, os olhos claros, o pescoço e pulsos finos. Seios mais ou menos fartos. A pele branca, mas sempre um pouquinho queimada de Sol. O homem bonito se vê às voltas com essa paixão, mas ela tem outro. Ele, no entanto, sabe de seu poder. E parte para o ataque. Eis que, enfim, ele consegue conquistar o coração da moça.

-- Sim, não é tão triste assim. Qualquer outro morreria sem ter a atenção da amada. Mas, bom, ele é homem, e é bonito. Enfim, eis que ele está apaixonado por ela, ela apaixonando-se por ele. Ele a convence a largar seu namorado. Ela hesita, mas então, já mordida pela paixão, entrega-se completamente. Em uma cena dramática, ela larga seu namorado. Os dois atracam-se em uma cena envolvente e ele finalmente a leva à cama. Ele a despe devagar, beijando cada parte do seu corpo -- seu tão sonhado corpo. Sente seu perfume, morde de leve seus mamilos. É a hora. Os dois subitamente param. Ele brocha.

-- Brocha uma vez. Duas, três. Não sabe o que fazer. Isso nunca havia lhe ocorrido antes. Uma ou outra vez, claro... Ele procura ajuda. Começa a duvidar de sua heterossexualidade. Um amigo lhe recomenda um pornô-gay. Bom, sexo é sempre sexo, mas não o suficiente para subir-lhe o dito cujo. Ele vai ao terapeuta, que lhe dá o diagnóstico: uma super idealização e todo aquele papinho freudiano que não interessa aqui. Ele nunca consegue comer a menina, e só resolve o problema bastante tempo depois...

-- Uma média de três mulheres por semana. Nem todas são bonitas. Uma minoria. Sim, ele até gosta de relações mais profundas. Mas como eu disse, o livro não é só sexo. Todo o resto de sua vida é interessante. A forma como ele consegue subir rapidamente em seus empregos, ou como todos ficam quietos quando ele começa a falar. Ou como ele pode andar despreocupado pela ruas, ou como orgulha-se em proteger suas irmãs, ou como disputa com seu pai a liderança da casa. Ele é bem desenvolvido psicologicamente.

-- Sim, o lançamento é no fim do mês. Próxima pergunta....

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Despedida

Como algum de vocês já sabem, pedi demissão e estou deixando a empresa dentro de alguns dias. Foi uma dessas decisões reservadas a alguns momentos específicos da vida, de suspensão total. Ocorre que tenho hoje 23 anos, e de repente senti que esta é a minha última chance de ser jovem. Um conceito um tanto quanto subjetivo, ainda mais para vocês, caros colegas, tão imersos nos números, lucros, juros, e artimanhas do governo.

Foi um prazer trabalhar com vocês, gente tão qualificada. Não sentirei falta das vezes em que não me chamaram para almoçar, vocês, todos tão especiais. De todas as insuportáveis vezes em que algum dos tão numerosos chefes me chamaram, um grito mais ou menos agudo, irritante ao ouvido. “Clara!”, ao qual eu tinha de responder atravessando qualquer distância para atendê-los, tão solícita, a funcionária do mês.

Já sinto o vento do fim de tarde batendo na minha cara, o céu azulando até tornar-se negro, o movimento da noite paulistana. Quantas noites passadas nesta redação insalubre, o barulho insistente do ar condicionado, o movimento mecânico “Ctrl C, ctrl V”, a principal ferramenta do jornalista precarizado dos tempos modernos.

Vou matar a saudade da cerveja gelada do fim de sexta-feira, 18h, todos compartilhando uma sensação de liberdade temporária –até a próxima segunda. Do mundo, enfim, das ruas, das cores. Mesmo que sejam as cores do céu que entrevejo da janela do meu quarto. Já é um passo mais perto da natureza do que aqui, onde as cortinas sempre fechadas escondem a paisagem decaída das ruas da cracolândia. Espero esquecer todas as regras do manual da redação, e todos os comandos do site. Espero recuperar algo que nem mesmo sei que perdi. Uma leveza, e até a capacidade de me apaixonar. Será possível? Talvez ainda haja tempo, e é isso que eu quero descobrir.

Enfim, saio para me lançar a novos desafios: estarei desempregada, lançada ao anonimato e longe das páginas de jornais. Inicio uma nova fase, solitária e isolada e que se estenderá pelos próximos meses.

Desejo toda sorte aos meus amigos de front: aqueles de ‘avaliação baixa’, que, à esquerda ou à direita, entendem as regras do jogo e sua crueldade: somos todos trabalhadores, com contas no fim do mês. Já aos ‘acima da média’ espero que, em algum momento se libertem desse vício que é o jornalismo, que entendam que a vida é uma só, e que talvez não valha a pena gastá-la nesse jogo infrutífero. Quando isso acontecer, deixo meus contatos abaixo, para tomarmos um café demorado, e comer um bolo recém-saído do forno, olfato aguçado para o aroma do ambiente no fim da tarde.

É isso. Agradeço a minha chefe, por todas as portas abertas, mas agradeço mais a mim mesmo por perceber que essas portas levavam ao abismo. Agradeço ao João que, com seus comentários medíocres, foi o empurrãozinho que eu precisava para perceber que aqui, realmente, não era meu lugar. Também à Maria, pelos emails maldosos enviados com cópia a chefia. Foi essencial para que eu tivesse coragem.

Espero encontrá-los por aí, quem sabe, a vida é cheia de idas e vindas.

Abraços,