quinta-feira, 17 de julho de 2014

ele falava de sua própria morte com uma racionalidade assustadora. sentava-se sempre no mesmo canto do sofá, onde alcançava a luz, os controles da TV e ainda podia olhar o relógio da cozinha. Ficava lá, e era a primeira coisa que eu via quando chegava em casa.

raramente falava ou ouvia, como que inerte pelas luzes subsequentes da TV.
não sei se era um ser amortizado, se ignorava seus pensamentos por completo ou se estava ativo, pensando na doença

era como se a doença lhe sugasse todas as energias. esses dias, segurei sua mão, antes tão quente. agora entre fria e morna, sem forças

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