quinta-feira, 17 de julho de 2014

Separados por 24,5 km; separados por uma ponte. Era a distância de talvez meia cidade, e que de repente parecia pequena, ali, naquele sofá apertado, numa noite de domingo de inverno.

De tarde, andamos pela beira da represa, e eu me deixava surpreender com a vaca prenha e mansa que aparecia no caminho. Tirei fotos do bezerro e dos cavalos. Depois, os moleques empinando o pipa, a pipa, uma infestação no meio do gramado. E aí, por fim, uma estradinha de terra que parecia desembocar na paisagem de periferia, das casinhas empilhadas do jardim Apurá.

O dia passava, e a gente se entendia de algum jeito, ouvindo o som do arraiá popular, se abraçando nas músicas bregas, numa mistura entre romantismo e sarcasmo. 

Enfim, pela noite, sem conseguir nos separar, acabávamos de novo ali no longe, as casinhas já em silêncio, nós mesmos meio calados.

E então, amanhecia mais uma vez e a luz branca do mormaço entrava pela janela. De manhã, era mais fácil enxergar a favela ao lado. E voltava a atravessar a cidade, o caminho invertido, solitário.

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