terça-feira, 28 de setembro de 2010

A coisa dentro da coisa


e guimarães nos diz, sábio que era... que o Diabo está dentro de Deus
e tentar parar o mundo é parar Deus, é se defrontar com o Diabo
que o mundo é rio, é fluido imprevisível
e viver é a incerteza é não ter confirmação nenhuma nunca

e então eu me pergunto o porque da expectativa? se nada é certo, porque esperamos? e se não há nada mais humano do que esperar, desejar
eu não quero esperar, eu não quero pensar, quero apenas viver e fazer sem ter que entender os lados da história
assim como o Jõe Bexiguento assim como o jagunço que só vive já é e pronto
mas não, a minha não é assim... a minha é mutável é a coisa dentro da coisa que sou eu e mais tudo que está dentro de mim e que vem e vai sem porque...


domingo, 26 de setembro de 2010

O que posso dizer?

Aguardem os próximos capítulos... hoje eu só tenho uma noite de domingo no fim, um trabalho pra entregar e uns minutos confusos na lembrança

Casamento

O noivo continha a tentação de olhar pelo reflexo do vidro.
A ansiedade acumulada de horas esperando, com aquele terno simples, que ele nem mesmo estava acostumado a usar. As famílias, a chuva que não parava de cair. Sentia um nervosismo, que vem quando se anuncia uma grande mudança.

A noiva, não muito longe. Linda, todos olhando pra ela. Um vestido branco e uma flor. Mordia os lábios (hábito não tão raro, mas que hoje tinha um outro sentido). Via ele de costas, via todos. Nem que seja em sonho, toda mulher imagina o dia em que entra no seu casamento. Mas é diferente quando se está ali, e todos te esperam.

Todos entraram, os passos de coreografia, a cerimônia, antiga, mas não sem menos significado. Não, a música não era a clássica. A voz que lembrava um pouco ela, a vida dela.

E ela parou por alguns segundos pra ver se entendia o que acontecia. Talvez tentasse entender naqueles instantes o sentido... ou a emoção.

Enfim seguiu seus passos. E de repente, era esposa. Mulher, agora sem mais dúvidas. E amanheceria ao lado do mesmo homem com quem dormiu ontem, homem que era agora mais seu. Só seu...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ontem, pegava no sono deitada na cama de minha mãe
tudo era absolutamente aconchegante e familiar
me senti em casa novamente, repousando sem culpa nenhuma, o sono que chegava devarinho e ia me tomando
foi nessa hora que me veio a idéia
de escrever uma carta de amor

será que já escrevi alguma na vida?
não me lembro...
já escrevi declarações, muitas, mas tão ingênuas que não poderia chamá-las com um nome tão impetuoso carta de amor
esse nome remete a algo rasgado, um tanto sensual e exagerado, como que escrito com sangue
não, em nada tem a ver com páginas de caderno rabiscadas com canetas coloridas...

começaria assim:

quando te vi, pela primeira vez, não me apaixonei
não notei nem mesmo sua presença
posso dizer que mal me lembro daquela noite

muito menos de você
na segunda, já estava no quarto copo de cachaça, mas já tinha intenção de abandonar a bohemia
por algumas horas, é claro
nesse dia, confundi você com um outro qualquer e depois saí sorrateiro, esperando não ser reconhecidao
foi quando você me seguiu...

passaram se muitas noites nesse ritmo...
hoje, pensando, acho que te troquei pelo álcool

teve um dia, esse sim, que me encontrava completamente lúcido
foi quando peguei na sua mão a primeira vez
sim, foi nesse dia que pude ver o brilho de seus olhos
um brilho de sono, muito sono... e você dormiu mais que tudo aquela noite, para me sorrir no dia seguinte com esperança

foi logo depois que você desapareceu
fico pensando em qual rua você foi parar... se fosse bonita, até saberia onde te encontrar

mas uma moça tão sem graça, pode ter ido pra qualquer lugar nessa cidade
eu parei de procurar já faz tempo
perdi a vontade
perdi também a esperança

mas se você ler isso algum dia ( e jogarei essa carta como um avião de papel)

saiba que ainda te espero sem razão
só por esperar porque nada mais tenho a fazer

Tira essa muro!!

quem colocou esse muro no meio do caminho?

faz o favor de tirar, que assim fica difícil

aliás, quando é que apareceu essa barreira? antes não era assim

tanto não era assim, que nem percebíamos uma a outra
só éramos e pronto

claro, sentíamos a ausência
mas a presença, a presença não era sentida

e afinal, sabemos nos ligar no fim de semana
e conseguimos ainda com facilidade protestar juntas

mas para todo o resto, tentamos nos falar debruçadas no parapeito da murada

mas é complicado, fica sempre engasgado na garganta
e olha que agora ela tem até celular....

felizcidade

doi
de novo
mas hoje me sinto tão honestamente bem só

resolvi olhar umas fotos
e me perdi em outros tempos
não faz tanto tempo assim, pouco mais de um ano
muito mais que um ano
outra vida quase, três meninas (e porque não dizer logo: bonitas)
aquela felicidade que se dilui no sol, caminhadas nunca em vão... uma emoção
a plenitude sabe? aquilo foi a plenitude de nossas vidas, a completa realização dos nossos desejos
a saciedade, os homens, os doces, a comida, bebida, cigarro, cidade, música
o tango... o poema e o teatro

aquele espanhol sussurrado em nossos ouvidos
porque sentíamos que estávamos sempre no canto certo, e rodávamos, andávamos sempre em começo, em partida

perfeito e o tempo tratou de apagar os defeitos, as imperfeições deixando centenas de fotos bem tiradas de algumas meninas felizes caminhando por aí