sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ontem, pegava no sono deitada na cama de minha mãe
tudo era absolutamente aconchegante e familiar
me senti em casa novamente, repousando sem culpa nenhuma, o sono que chegava devarinho e ia me tomando
foi nessa hora que me veio a idéia
de escrever uma carta de amor

será que já escrevi alguma na vida?
não me lembro...
já escrevi declarações, muitas, mas tão ingênuas que não poderia chamá-las com um nome tão impetuoso carta de amor
esse nome remete a algo rasgado, um tanto sensual e exagerado, como que escrito com sangue
não, em nada tem a ver com páginas de caderno rabiscadas com canetas coloridas...

começaria assim:

quando te vi, pela primeira vez, não me apaixonei
não notei nem mesmo sua presença
posso dizer que mal me lembro daquela noite

muito menos de você
na segunda, já estava no quarto copo de cachaça, mas já tinha intenção de abandonar a bohemia
por algumas horas, é claro
nesse dia, confundi você com um outro qualquer e depois saí sorrateiro, esperando não ser reconhecidao
foi quando você me seguiu...

passaram se muitas noites nesse ritmo...
hoje, pensando, acho que te troquei pelo álcool

teve um dia, esse sim, que me encontrava completamente lúcido
foi quando peguei na sua mão a primeira vez
sim, foi nesse dia que pude ver o brilho de seus olhos
um brilho de sono, muito sono... e você dormiu mais que tudo aquela noite, para me sorrir no dia seguinte com esperança

foi logo depois que você desapareceu
fico pensando em qual rua você foi parar... se fosse bonita, até saberia onde te encontrar

mas uma moça tão sem graça, pode ter ido pra qualquer lugar nessa cidade
eu parei de procurar já faz tempo
perdi a vontade
perdi também a esperança

mas se você ler isso algum dia ( e jogarei essa carta como um avião de papel)

saiba que ainda te espero sem razão
só por esperar porque nada mais tenho a fazer

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